Taxação das plataformas – Após 10 anos de prática diária de jornalismo nas redes digitais, nós, do Zonacurva, encampamos o manifesto da FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas) sobre a urgência da taxação das grandes plataformas digitais em prol da prática de jornalismo de qualidade na web.
A taxação tem como objetivo compor um “Fundo de Apoio e Fomento ao Jornalismo e aos Jornalistas”. As plataformas citadas pelo manifesto são Google, Amazon, Facebook, Apple e Microsoft, que formam um verdadeiro oligopólio que controla a comunicação digital.
Essas empresas bilionárias faturam em cima do trabalho jornalístico e dominam boa parte do mercado publicitário digital. No Brasil, as grandes plataformas dominam totalmente o fluxo da informação e, pela legislação, não são consideradas empresas de comunicação, mas de tecnologia.
Só a Alphabet, dona do Google, obteve um lucro líquido de U$6,8 bilhões no primeiro trimestre da pandemia de Covid-19, um aumento de 13%. Conforme o relatório Monopólios digitais: concentração e diversidade na Internet, publicado em 2018 pelo coletivo Brasil de Comunicação Social INTERVOZES, o Facebook mais que quintuplicou suas receitas anuais, saindo de US$5 bilhões para US$27 bilhões entre 2012 e 2016.
Em 2016, o lucro da companhia ficou em mais de US$10 bilhões, sendo que 90% das suas receitas são advindas da publicidade. A empresa também controla a segunda e a terceira colocadas no ranking global de plataformas digitais: WhatsApp (1,3 bilhão de usuários) e Facebook Messenger (1,3 bilhão de usuários), além do Instagram, que ocupa a sexta colocação (800 milhões de usuários), ainda segundo o relatório.
O Facebook e essas outras gigantes corporações digitais usam o trabalho feito por jornalistas para aumentar a audiência e alcançar maiores lucros. Ao mesmo tempo, elas não valorizam o jornalismo profissional e dificultam o investimento da área em profissionais.
A FENAJ também está se unindo à FIJ (Federação Internacional de Jornalistas) e a mais de 140 organizações nacionais para apresentar a “Plataforma Mundial por um Jornalismo de Qualidade”. Eles visam cobrar do poder público medidas de combate à desinformação e a favor da valorização do jornalismo. Para isso, haverá a destinação do capital requerido pela taxação de faturamento das grandes empresas ao setor de comunicação.
Em seu manifesto, a FENAJ alerta que acompanha com muita preocupação os recentes debates sobre o poder e a influência das grandes plataformas digitais na destruição da democracia e na apropriação indevida e, às vezes criminosa, dos dados pessoais de milhões de pessoas ao redor do mundo.
A FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas) está promovendo, junto ao SJPMRJ (Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro), o 39º Congresso da Federação, que ocorreu nos dias 17 e 18, e ainda ocorrerá entre os dias 24 e 25 de setembro.
Além disso, o Congresso reforça a importância de refletir sobre iniciativas a favor da liberdade de imprensa e da demonstração do jornalismo como exercício fundamental à democracia.
Colaborou Carolina Raciunas
Com informações da FENAJ.
Grandes redes sociais acabam com o sonho idílico de uma internet livre
O binômio fake news/redes sociais nos impõe novos comportamentos políticos