Com colaboração de Carolina Raciunas
No CONVERSA AO VIVO ZONACURVA do dia 27 de agosto (sexta-feira), o escritor Ricardo Lísias conversou com Fernando do Valle (editor do Zonacurva), Luís Lopes (editor do Vishows) e o advogado Roberto Lamari sobre seus mais recentes livros lançados e a tragédia política, social e sanitária provocadas pelo atual governo.
O autor de “Catástrofe Brasileira ano I – o inimaginável foi eleito” e “Catástrofe Brasileira ano II – o genocídio escancarado” e vários outros livros contou que começou a relatar, em forma de diário, nossa tragédia perpetrada pelo presidente Jair Bolsonaro e sua equipe na tentativa de entender o que estava acontecendo e as responsabilidades de cada um no caos instalado.
“Eu comecei logo após a eleição para verificar em que a gente falhou, o que poderia ter acontecido de diferente e quais forças colaboraram para que isso tudo acontecesse. É uma tentativa de compreensão do meu próprio lugar nesse momento”, explicou Lísias.
Ao analisar os aspectos políticos que resultaram na eleição do atual presidente, Ricardo Lísias percebeu que a construção de uma sociedade conservadora não era o objetivo do governo, mas sim um meio de promoção para a eleição de Bolsonaro.
O escritor ainda explicou que as pessoas têm questionado quais as próximas ações do presidente e não compreendem a gravidade do que já foi feito: “A questão não é o que o Bolsonaro vai fazer. Ele já fez, já promoveu um genocídio. A questão é como nós vamos responder a isso”.
Segundo Lísias, o governo naturaliza posicionamentos opressores de grupos que apoiam ou já apoiaram Bolsonaro e que buscam legitimar a narrativa que nos trouxe à atual catástrofe.
Recentemente, o escritor retirou seu livro da concorrência que havia sido indicado ao Prêmio São Paulo de Literatura, por não querer dialogar com dois curadores que apoiaram Bolsonaro. “Se eu abrir debate com essas pessoas, eu estarei naturalizando a existência dessas pessoas. É um problema teórico e estético. Eu, dialogando com as minhas personagens, neutralizo o meu texto. E há outra questão: a fragilidade intelectual deles.”