por Ivan Proença
O indivíduo e joio Cunha, com o (não) caráter que Deus lhe deu, foi apenas o executor daquilo que seus cúmplices diretos ou indiretos desejavam. Entre esses, os políticos sujos e, pior, jornalistas (articulistas de fundo ou não), matérias assinadas no incorrigível O Globo, ou grande imprensa em geral, revistas não veja, fora de época e isto não é. São muitos e sistemáticos. Não raro, até, ofensas e agressões verbais à Presidenta. Difícil listar a enxurrada. Por exemplo, Nelson Motta, Noblat, Gaspari, Cora, Merval, os neodireitistas Gabeira, Aarão, Ancelmo, e os vitalícios (alguns mais fiéis escrevem também nas revistas dos Clubes Militares, ao lado de eternos apologistas ou defensores do golpe de 64 e das barbaridades cometidas ao longo dos 21 anos). Todos cúmplices sim da miséria política que envolve o impeachment.
Não sou PT menos ainda lulista. Ao contrário, entrei, desde a fundação, para o PDT e ocupei cargos no governo Brizola (como faz falta hoje!). Sempre tive sérias restrições ao PT, inclusive por uma injustificada oposição deles ao PDT e a Brizola (só um exemplo: os ataques aos CIEPS). Mas bem sei que, também, boa parte da elite econômica e da incrível classe média jamais se conformou com o fato de um metalúrgico chegar ao poder e, após, uma guerrilheira ser presidenta. Inconformismo da velha corja da política brasileira desde o segundo governo de Getúlio, a deposição de Jango, o golpe militar e civil que durou 21 anos.
Vi, há pouco, a imagem do joio Cunha aclamado por Paulinho (da fraqueza sindical) e por um Bolsonaro. Como pode esse tipo de gente investir despudoradamente contra uma mulher tão digna, séria, limpa? E preparada, sim. Acusam, ainda, a presidenta de não ser boa oradora. E daí? Mussolini, Hitler, Pinochet, Lacerda (até Aécio, o neto) empolgaram e ou empolgam “seus” públicos com oratória bizantina.
Problemas econômicos, em fases, todos sabemos, se devem ao contexto flutuante do capitalismo, e no Brasil são atribuídos, ainda, aos exageros (!) na assistência aos menos favorecidos (através de bolsas, cheques família, minha casa minha vida etc): era só o que faltava para caracterizar tal oposição. Essa gente é que propõe a luta de classes.
Corrupção? Claro, um horror, uma vergonha. O PT fez o que — em boa proporção — fazem outros partidos. E foi com muita sede ao pote. Errou e corrompeu. E a figura do dedo-duro (eufemisticamente, hoje, delator premiado) entra em cena e escancara o mar de lama ética e moral. Os transgressores estão sendo justamente punidos, o que não ocorria antes.
Paciência, presidenta Dilma. A senhora lutou e arriscou a vida para que essa gente, que pede seu impeachment, possa expressar-se. Orgulho nosso tê-la como governante, por seu passado e sua dignidade. Desanima não. Se a excluírem, é porque não a merecem e não estão à altura de alguém com sua personalidade e sua conduta de vida. Azar o deles.
Valeu, embora à distância, conhecê-la. Vida e luta continuam.