O Papa Francisco aprovou na semana passada decreto para a beatificação do arcebispo salvadorenho Óscar Arnulfo Romero, religioso da Teologia da Libertação que rebelou-se contra as injustiças da dura guerra civil que seu país enfrentou entre 1980 e 1992. O conflito deixou triste saldo de 75 mil mortos e 1,5 milhão de refugiados, à época El Salvador contava com cerca de 5 milhões de habitantes. Os presidentes norte-americanos Jimmy Carter, Ronald Reagan e George Bush pai apoiaram o governo salvadorenho e forças paramilitares com US$ 7 bilhões no período de dez anos.
A beatificação de Romero deve acontecer no dia 23 de maio de 2015, um dia antes dos 35 anos após sua morte, em uma missa em San Salvador, capital de El Salvador. O processo estava parado há 21 anos, os papas João Paulo II (1978-2005) e Bento XVI (2005-2013) não simpatizavam com a Teologia da Libertação. Com a eleição do Papa Francisco (2013), o processo foi acelerado.
A Teologia da Libertação, seguida por Romero, nasceu na América Latina na década de 1960 com o objetivo, a grosso modo, de inserir a busca por justiça social como parte da prática religiosa e sobretudo incentivar uma maior consciência ética dos fiéis.
Aos 62 anos, Romero foi assassinado por militante de extrema direita no altar da igreja de um hospital em 24 de maio de 1980 quando celebrava a missa de Domingo de Ramos. O curioso é que Óscar Romero só foi escolhido arcebispo por seu perfil conservador. Com o tempo, passou a fazer homilias contra os assassinatos e torturas praticados pelo Estado, o que irritou setores do governo. Em fevereiro de 1980, em viagem a Bélgica denunciou o assassinato e perseguição a religiosos, aos domingos, os discursos inflamados de Romero na rádio eram populares em San Salvador. O ótimo filme “Salvador, o martírio de um povo” (1986), do diretor norte-americano Oliver Stone, mostra o assassinato de Romero.
Saiba mais sobre o filme de Oliver Stone.