Em um dos trechos da nova encíclica papal Laudato Si (“Louvado Seja”), publicada hoje, o papa Francisco afirma que “os humanos estão transformando a Terra em uma imensa pilha de lixo”. A primeira encíclica, documento oficial da igreja direcionado aos bispos e todos os fiéis, de autoria exclusiva de Francisco faz um apelo para que os governos de todo o mundo adotem um modelo de desenvolvimento sustentável e em defesa do meio ambiente.
Jorge Mario Bergoglio já havia publicado a Lumen Fidei em junho de 2013, que tinha sido iniciada por seu antecessor Bento XVI. Ao longo das 191 páginas da Laudato Si, ele afirma que a população mundial arcou com “todo o custo” do resgate dos bancos durante a crise financeira e econômica iniciada em 2008. Segundo ele, o “mercado cria um mecanismo compulsivo para promover os seus produtos”, mas este não pode ser o “paradigma” de vida da humanidade.
Ontem o papa havia pedido para que todos acolhessem o documento “de almas abertas” e que a encíclica estaria “em linha com a doutrina social da Igreja”. Não foi o que aconteceu com o presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado norte-americano, James Inhofe, que afirmou que “o papa deveria ficar com o seu trabalho e nós ficaremos com o nosso”.
O papa pede providências em nome dos pobres, que são, segundo ele, os que pagam pela ambição das nações mais ricas. A encíclica deve basear o apelo que o Papa fará em seu discurso no Congresso dos Estados Unidos, em Washington, e nas Nações Unidas, em Nova York, em setembro, por avanços no combate às mudanças climáticas. A pressão de Bergoglio visa um acordo favorável à preservação ambiental na Cúpula do Clima de Paris, marcada para o fim deste ano.
O teólogo Leonardo Boff, que chegou a enviar livros e estudos para Bergoglio sobre ecologia, escreveu hoje que “há no texto [do Papa] leveza, poesia e alegria no Espírito e inabalável esperança de que se grande é a ameaça, maior ainda é a oportunidade de solução de nossos problemas ecológicos”.
As palavras do título e de abertura, “laudato si” são citadas do famoso Cântico das Criaturas, de São Francisco de Assis, em que o “pequeno homem pobre” das colinas da Úmbria, no século 13, comemorava seu parentesco com o universo, agradecendo a Deus pelo “irmão sol”, a “irmã lua e as estrelas” e “a mãe Terra”.
Leia a encíclica na íntegra.
Com informações da agência ANSA e Deutsche Welle.
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