Zona Curva

O terrorismo poético de Hakim Bey

 

Obra do artista de rua Bansky e Hakim Bey
Obra do artista de rua Bansky e Hakim Bey

“Avatares do caos agem como espiões, sabotadores, criminosos do amor louco, nem generosos nem egoístas, acessíveis como crianças, semelhantes a bárbaros, perseguidos por obsessões, desempregados, sexualmente perturbados, anjos terríveis, espelhos para a contemplação, olhos que lembram flores, piratas de todos os signos & sentidos

Aqui estamos, engatinhando pelas frestas entre as paredes da Igreja, do Estado, da Escola & da Empresa, todos os monolitos paranóicos. Arrancados da tribo pela nostalgia selvagem, escavamos em busca de mundos perdidos, bombas imaginárias”.

Hakim Bey (extraído do livro Caos, terrorismo poético e outros crimes exemplares, página 12, Editora Conrad).

 

Hakim Bey, pseudônimo do historiador e poeta Peter Lamborn Wilson, defende em vários livros a guerrilha simbólica e midiática contra as corporações e os meios de comunicação hegemônicos.

O revolucionário Bey cunhou a expressão terrorismo poético. Atos desse ‘terrorismo do bem’ seriam, por exemplo, arte-xerox sob o limpador de pára-brisas de carros estacionados, slogans escritos com letras gigantes nas paredes de playgrounds. Ideias que servem de inspiração até hoje para artistas de rua e atos de protesto de movimentos como Occupy.

Wilson nasceu em Baltimore, Estados Unidos, em 1945, e estudou na tradicional Universidade de Columbia, em Nova Iorque. Após uma longa viagem à Ásia e Oriente Médio, fixou residência no Irã (pré-revolução islâmica), onde estudou sufismo, corrente mística do islamismo.

Bey se considera anarquista ontológico, modo de anarquismo (criado por ele) apocalíptico e místico. Autor de diversos livros, Bey-Wilson teve dois de seus principais livros Caos, terrorismo poético e outros crimes exemplares e TAZ, zona autônoma temporária, editados no Brasil pela Conrad.

Com pinta de Papai Noel, Hakim Bey em carne e osso

A TAZ é descrita no livro de mesmo nome como “utópica no sentido que imagina uma intensificação da vida cotidiana ou, como diriam os surrealistas, a penetração do Maravilhoso na vida”. Para o escritor, a internet, ou melhor, a contra-net (termo para indicar o uso clandestino e rebelde da web) serve para conectar as várias TAZs.

Não muito comentado nos dias de hoje, Bey fez a cabeça de estudantes e líderes do movimento antiglobalização, hackers e ativistas nos anos 80 e 90.

Luther Blissett de olho na grande mídia brasuca

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