por Fernando do Valle
O depoimento de Marcelo Odebrecht ontem no TSE no processo que investiga a chapa Dilma-Temer na eleição de 2014 é a primeira onda do tsunami que deve inundar Brasília no próximo mês. Odebrecht afirmou ontem que ele era o “otário da corte” e que se via obrigado a repassar propinas a políticos.
Preso desde junho de 2015, Marcelo Odebrecht finalmente incorpora a gíria da cana dura e percebe que é mais fácil se fazer de vítima, afinal malandros são os políticos, ele era um mané, um otário que caiu na lábia dos canalhas. O pai dos burros nos ensina, otário, s.m. (Bras.) Indivíduo tolo, fácil de ser enganado. Condenado a 19 anos de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa, Marcelo como todo presidiário que se preze se faz de tolo. Nós, os 99%, distantes dos gabinetes do poder, que não temos contas no exterior e estamos sendo enganados faz tempo, nos encaixamos melhor na descrição do dicionário.
No TSE, Marcelo Odebrecht afirmou que doou R$ 150 milhões à campanha de Dilma-Temer em 2014, 4/5 desse montante via caixa 2. Após a suspeita morte do ministro do STF Teori Zavascki, o terremoto das 77 delações de funcionários da Odebrecht está agora nas mãos do ministro Edson Fachin, que trabalhou durante o carnaval com sua equipe para finalizar os trâmites jurídicos das informações que tiram o sono de muitos políticos em Brasília.
Na primeira delação divulgada em dezembro do ano passado, o ex-executivo Claudio Melo Filho citou 43 vezes o presidente Temer. Melo afirmou que Temer solicitou R$ 10 milhões para a campanha de 2014 em um jantar no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente. Marcelo Odebrecht confirmou ontem o jantar e que foi acertado apoio político ao PMDB na ocasião, mas que os valores foram acertados com o atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Advogados de Michel Temer pretendem empurrar com a barriga o processo no TSE até 2018. Além disso, conforme informa hoje o jornalista Bernardo Mello Franco, o governo ameaça trocar ministros do Tribunal Superior Eleitoral. Enquanto isso, Temer acelera no Congresso a retirada de direitos trabalhistas e a restrição de aposentadorias para pagar a fatura ao andar de cima que o guindou a presidente.