por Elaine Tavares
Os povos originários do Equador iniciaram no dia 27 de novembro uma grande marcha por todo o país, saindo de várias regiões rumo à capital, Quito. Marcharam trabalhadores do campo e da cidade, unidos na luta pela água, pelo ambiente em equilíbrio, contra as mineradoras e pela possibilidade real de viver a cultura e o modo originário de organizar a vida. A intenção da marcha foi mobilizar toda a gente, indígenas ou não, chamando a atenção para a destruição que a mineração e as petroleiras vêm causando, poluindo águas, destruindo florestas e desalojando comunidades. O objetivo final era exigir do presidente Lenín Moreno o cumprimento das promessas feitas em campanha e que foram reiteradas durante uma mesa de diálogo convocada por Moreno em julho deste ano.
A marcha foi convocada pela Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) e conseguiu mobilizar centenas de comunidades, cujos representantes entraram em Quito no dia 11 de dezembro, numa grande coluna, colorida e vibrante. Eles caminharam pelo centro da cidade e se dirigiram até a Praça Grande onde fica o Palácio do governo, e ficaram em conversa com o presidente durante toda a tarde.
Além de discutir o problema das mineradoras, do extrativismo e das petroleiras, os indígenas também reivindicaram a construção da Cidade Intercultural das Nacionalidades no espaço de uma antiga fazenda na região de Pastaza, que as comunidades afirmam ser de sua propriedade, e que é questionada pelo governo regional. Também foi colocada na mesa a questão das anistias para lideranças e militantes criminalizados por participar de protestos durante o governo de Rafael Correa, que estão paradas no Ministério da Justiça.
A conversa com Lenín foi tranquila, bem diferente da relação que havia entre Correa e a Conaie, sempre muito tensa. Os indígenas deixaram claro que não estavam ali para romper o diálogo, apenas queriam que as coisas acontecessem mais rapidamente e de maneira concreta.
Segundo a Conaie, a marcha conseguiu do presidente a promessa de que a partir de agora estão suspensas todas as concessões para as mineradoras. Ainda assim, o movimento seguirá acompanhando de perto o processo, bem como a ação das mineradoras que já estão instaladas no país.
A luta dos povos originários que conformam a Amazônia equatoriana segue forte. Nenhum passo atrás.
Publicado originalmente no Instituto de Estudos Latino-americanos.