Colaborou Letícia Coimbra
O CONVERSA AO VIVO ZONACURVA teve o prazer de receber, pela segunda vez, o indigenista Ricardo Rao, que vive exilado em Roma devido às ameaças de morte recebidas durante seu trabalho no Maranhão. O programa foi apresentado por Fernando do Valle, editor do Zona Curva, e contou com a participação do advogado Roberto Lamari e Luis Lopes, do Portal VI Shows.
O indigenista comentou a ocasião em que expulsou o presidente da Funai, Marcelo Augusto Xavier, aos gritos de “miliciano” e “assassino” durante uma reunião da XV Assembleia Geral da FILAC, Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e Caribe, em Madrid. No ato, Rao acusou o Itamaraty de proteger milicianos e responsabilizou Xavier pelas mortes do servidor Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips.
“Este homem não pertence aqui, não é digno de estar entre vocês. O Itamaraty é uma vergonha, o Itamaraty está sendo babá de miliciano. Marcelo Xavier é miliciano. Este homem é um assassino, esse homem é responsável pela morte de Bruno Pereira, é responsável pela morte de Philips. Bandido, vai embora mesmo, vai para fora!”, bradou em uma mistura de português e espanhol.
Ricardo nos contou que foi para o evento já na intenção de expor Xavier diante do mundo. O escracho foi articulado a partir do vazamento da informação de um servidor da FUNAI, amigo de Ricardo, que passou a informação da visita do presidente da FUNAI a Madri.
A partir daí, Ricardo acionou sua rede de ativistas pelo meio ambiente na Europa para ajudá-lo na empreitada. Veja como foi no vídeo abaixo:
Contrariando a afirmação de Bolsonaro no Jornal Nacional sobre parte das queimadas serem provocadas pela população ribeirinha, o indigenista destaca que, na verdade, as áreas queimadas ou desmatadas por eles são pequenas, além de não existirem em quantidade suficiente para que estas ações causem impacto.
Ricardo destaca que o bioma do Brasil não favorece às queimadas como os países onde ela acontece anualmente. Segundo ele, os maiores responsáveis pelas queimadas são certos grandes latifundiários. Ricardo Rao explica que não é possível generalizar já que alguns deles não cometem crimes ambientais.
Novamente o indigenista reforçou seu apoio à criação de um órgão internacional que monitore as atividades na Amazônia, já que, segundo ele, o Brasil não exerce sua soberania no local, e quem o faz é o crime organizado.