Colaborou Letícia Coimbra
No dia 20 de junho foi realizada a LIVE POLÍTICA DE SEGUNDA, cujo tema principal foi o possível apoio da grande mídia ao Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022. O programa foi apresentado por Fernando do Valle, editor do Zona Curva, e contou com a participação do advogado Roberto Lamari e de Luis Lopes, editor do Portal Vi Shows.
Fernando abriu a live afirmando que, apesar da grande imprensa ter perdido parte de seu poder, ainda influencia muito o debate nas redes sociais. Segundo ele, algumas emissoras de televisão como o SBT e a Record são aliadas do atual presidente, mas os grandes jornais criticam sua política e concordam com o ultraliberalismo de Paulo Guedes, o que gera um posicionamento esquizofrênico por parte dos barões da mídia.
O jornalista ressalta, porém, que caso houvesse um esforço maior e a grande mídia investigasse os escândalos do atual governo, a imprensa teria conseguido a aprovação de um processo de impeachment tal como houve com a ex-presidente Dilma Rousseff.
Lamari concorda com a fala de Fernando a respeito da influência da mídia hegemônica, e ressalta que 70% dos assuntos reproduzidos nas redes sociais têm origem na mídia tradicional. Além disso, afirma que não vê apoio a Bolsonaro, mas críticas, mesmo em jornais conservadores. De acordo com ele, parte da falta de apoio se dá pelas críticas do presidente à grande mídia e acredita que a possibilidade maior é de neutralidade no pleito deste ano. “Não acredito que a imprensa embarque na campanha do Bolsonaro”, afirmou o advogado.
Já Luis discorda, relembrando as eleições de 2018, quando mesmo diante das ameaças e notícias falsas ditas pelo atual presidente, a imprensa não reagiu e ressalta seu receio da mídia deixar as fake news e “barbaridades” passarem ilesas para manipular a eleição. Pensando em 2022, ele destaca que os principais veículos de imprensa concordam com a política econômica do atual governo em relação à Petrobras e, devido a isso também, falta pluralidade de ideias.
“Bolsonaro está numa campanha explícita de vender a Petrobras e está cooptando as elites financeiras e econômicas da qual a mídia é um puro porta-voz porque essas empresas não ganham mais dinheiro com empresa de mídia. Elas ganham dinheiro com outras empresas que elas têm no grupo”, disse o editor do Portal Vi Shows.
Em relação a isso, o editor ZonaCurva ressalta a importância de diferenciar os jornalistas (funcionários) dos donos dos meios de comunicação porque os últimos têm “espírito de classe” e às vezes possuem segundas intenções por trás da notícia.
Segundo Fernando, caso a candidatura de Simone Tebet (MDB), candidata da terceira via que tenta estabelecer maiores chances de competir com o ex-presidente Lula (PT) e Bolsonaro nas eleições deste ano, não dê frutos, a grande mídia irá focar em ferir a imagem do petista, o atual candidato do Partido dos Trabalhadores à presidência da República.
O editor ainda menciona o relatório anual do Reuters Institute for the Study of Journalism, da Universidade de Oxford, que revela que 54% dos entrevistados brasileiros dizem evitar o noticiário de propósito. Segundo ele, esse é um fator que torna essas pessoas vulneráveis à propagação de desinformação. Já Luis Lopes acredita que o alto índice é, na verdade, uma consequência das fake news.