por Fernando do Valle
Coltrane – O ar introspectivo de Coltrane com o sax a tiracolo representa uma das imagens mais marcantes da história do jazz. O olhar melancólico era a senha para a possibilidade da construção de um mundo paralelo pelo som de sua música. Mundo por vezes cheio de quebradeira e barulho, em outras cheio de lirismo ou ainda atrás de algum contato espiritual com outras dimensões.
Coltrane foi um desses caras que só estão entre nós para mostrar novas possibilidades além do banal e do cotidiano, hoje tão aceito por hordas de conformados. Em Los Angeles, na pequena Igreja Ortodoxa Africano Santo John Coltrane o músico não deixou apenas fãs, e sim ardorosos fiéis. Franzo King, fundador da igreja, assistiu um show de John Coltrane em um clube de São Francisco. Ele e sua esposa tiveram suas vidas transformadas como em culto epifânico, como se aquele homem fizesse de sua música o evangelho. Deus em pessoa.
Leia sobre a Igreja que venera o som de Coltrane no texto do portal Geledés.
“In A Sentimental Mood”:
Escrevo agora sobre jazz, o que infelizmente para muitos parece menor. Menor não pode ser o fascínio pela música que pode te levar a uma reminiscência, um sentimento de plenitude, de paz, de confusão. Não subestimo a confusão. Alguns têm dificuldade em viajar no som e soltam comentários como: “nossa, que som chato” e desistem. Desistir de escapar da realidade cheia de empulhações da vida rasa nem se for por poucos minutos é oportunidade rara.
No último dia 23 de setembro, John Coltrane completaria 90 anos. Ele nasceu em Hamlet, Carolina do Norte em 1926 e morreu em Long Island, Nova Iorque, em 17 de julho de 1967.
“Kind of blue” – Coltrane e Miles Davis:
O clarinete foi o primeiro instrumento de Coltrane ainda na infância incentivado pelo seu pai fanático por música e que arranhava alguns instrumentos. Foi Lester Young e seu sax tenor, marcante para toda uma geração de músicos tanto na banda de Count Basie como em outras, que inspirou Trane a adotar o saxofone. Nas escolas de música da Filadélfia durante a adolescência, o futuro músico começou a criar certa intimidade com o sax alto. Durante a Segunda Guerra Mundial, John Coltrane retornou ao clarinete na banda Melody Makers da Marinha quando serviu às Forças Armadas no Havaí.
Antes de entrar na banda de Dizzy Gillespie, Coltrane tocou sax tenor na banda de Eddie “CleanHead” Vinson. Nos meados da década de 50, tocou no Quinteto de Miles Davis e sempre afirmava que ali encontrou a liberdade que buscava para sua música. Com a inspiração e mais seguro, Coltrane montou seu icônico quarteto com o pianista McCoy Tyner, o baterista Elvin Jones e o baixista Jimmy Garrison em 1960.
“Naima”:
Leia sobre e escute Lester Young no curta Jammin’ The Blues.
“My favorite things”:
“Lazy Bird”:
Fonte usada: site oficial de John Coltrane.