por Elaine Tavares
Os Estados Unidos se auto-proclamam “mundo livre”, mas isso nada mais é do que ideologia. Liberdade mesmo só para um pequeno grupo que conforma a elite econômica e de poder. Para os demais, o que sobra é a submissão a um modo de vida marcado pela exploração. E, se entre os “demais” estiverem os imigrantes, que chegam todos os dias da América Latina ou de países árabes e asiáticos, a situação é ainda pior.
Essa norma de separar filhos dos pais faz parte da política de tolerância zero anunciada pelo procurador geral Jeff Sessions, que aprofundou as detenções a partir de abril do ano passado. Nos EUA, qualquer família que tente passar a fronteira, sendo capturada, é considerada criminosa e a partir daí os adultos são levados para a prisão e as crianças para esses centros de detenção. Mas, essa prática não acontece apenas com quem tenta entrar de maneira ilegal. Mesmo aquelas famílias que chegam na fronteira e pedem asilo são desmembradas e separadas. Uma decisão desumana e dramática que só aumenta o sofrimento de quem já penou todas as penas no processo de travessia.
Ao serem divulgadas as imagens das crianças detidas dentro de jaulas, o presidente Donald Trump se manifestou dizendo que a culpa de tudo isso não é de seu governo, mas dos democratas que foram os que garantiram a aprovação da lei que separa as famílias. Ainda segundo Trump, são eles os que precisam revogar essa norma e que enquanto a norma exisitir, será cumprida.
Na verdade mais um jogo de cena de Trump, uma vez que o Congresso estadunidense atual tem maioria republicana, logo, se realmente quiser, pode acabar com essa prática que amplia ainda mais o sofrimento dos imigrantes.
O procurador geral Jeff Sessions, que tem sido leonino na aplicação dessa lei, declarou que cumprir a lei é um mandamento de deus e citou uma encíclica de Paulo aos Romanos, na qual o apóstolo afirma que é preciso obedecer a lei do governo porque deus foi quem ordenou ao governo seus propósitos. Ou seja, a Casa Branca também está tomada por fanáticos ou “espertinhos” que usam da Bíblia para fazer valer suas atrocidades. Fossem mesmo cristãos, seguiriam os mandamentos de Jesus que ensinou sobre o amor ao próximo.
A fala do procurador usando a escritura sagrada dos cristãos para justificar as ações desumanas provocou um grande debate nos Estados Unidos envolvendo religiosos de vários credos e, claro, a maioria deles se colocando completamente contrários ao uso da palavra sagrada, considerando as práticas governamentais como imorais e anti cristãs.
Mas, apesar do burburinho o governo de Donald Trump segue ampliando os centros de detenção para crianças, alegando que já está insuficiente o espaço. A notícia que circulou esta semana é de que se iniciará a construção de uma cidade de lona para encarcerar mais 450 crianças recolhidas em Tornillo, no Texas.
Pelo visto, o deus de Trump não está nem aí para a solidariedade, humanidade, generosidade e partilha. Os imigrantes empobrecidos que chegam de qualquer parte do mundo são tratados como baratas, esmagados e devolvidos. E se não bastasse toda a desgraça de ver o sonho de uma vida melhor se desfazendo, ainda têm suas famílias destruídas e separadas, muitas vezes para sempre.
O mundo livre mostrando sua verdadeira cara. A mesma cara que o governo teocrático de Israel mostra ao mundo, igualmente encarcerando e torturando crianças. Tudo em nome de deus.
Com informações da mídia estadunidense e mexicana.
Publicado originalmente no Instituto de Estudos Latino-Americanos.