Zona Curva

Carlos Careqa e a resistência na música independente

De um lado, temos a indústria fonográfica em crise produzindo lixo musical e sempre subestimando o gosto do público. Do outro, uma dinâmica cena independente aponta novos caminhos e injeta adrenalina nas veias musicais brasucas. Bandas e artistas fora do mainstream como o compositor e cantor Carlos Careqa utilizam a web para a divulgação de suas músicas.

Músico experiente com mais de 30 anos de carreira, Carlos Careqa e muitos outros constroem uma sólida carreira à margem dos esquemas manjados do mercado das majors da música. “Nunca ignorei as grandes gravadoras, elas que me ignoraram. Estaria feliz se tivesse uma gravadora séria coordenando meu trabalho. Porém não há interesse deles. Eles só querem saber de 1 milhão de reais pra cima”, afirmou o músico em entrevista ao Zonacurva.

Carlos Careqa: mais de 30 anos de música independente
Carlos Careqa: mais de 30 anos de música independente

Somente no ano passado, Careqa esteve envolvido em três discos. Seu trabalho autoral mais recente é Made in China (Selo Barbearia Espiritual Discos). Também capitaneou Ladeira da Memória, que reúne novas versões para músicas que integraram o cenário alternativo entre os anos 1980 e 1990 com a participação de Chico Buarque, Mariana Aydar, Vânia Abreu e muitos outros.

Assista ao Making of do CD Ladeira da Memória

Em 2013, Careqa também lançou seu primeiro disco infantil, Palavrão Cantado, música infantil para adultos. Com músicas como Rap do Peido, O Diamante Azul do Vovô (sobre Viagra), Por que que a Vovó Tá Fria? (sobre a morte) e Exame de Fezes, Careqa explica: “acho as músicas infantis muito chatas. Acho que o palavrão pode servir para chacoalhar um pouco este nicho de mercado. Mas sou um sonhador, e acho que tudo isto é fantasia da minha cabeça.”

Careqa fala sobre seu projeto infantil Palavrão Cantado em matéria da TV Folha, exibido na TV Cultura:

Careqa e a vanguarda paulista

Se Careqa não fez parte diretamente da turma da vanguarda paulista dos anos 80 e 90 de Arrigo Barnabé, Premeditando o Breque, Itamar Assumpção, Língua de Trapo e muitos outros, ele foi extremamente influenciado pelo movimento. Esses artistas construíram uma cena alternativa e movimentaram uma cena pós-punk na megalópole paulistana.

“Eu acho que a Vanguarda Paulista foi o último avanço na música brasileira. De lá pra cá, não tivemos nada de impressionante. Claro que teve aqui e acolá algumas coisas boas. Mas inovações em forma e conteúdo como neste movimento eu não vi mais em nenhum outro. Fui influenciado diretamente por eles. Pois estava tentando fazer a mesma coisa em Curitiba”, Carlos Careqa

A saga da vanguarda poética paulistana

 

Carlos Careqa nasceu em Lauro Muller, Santa Catarina, e passou a infância e adolescência em Curitiba e Ponta Grossa, no Paraná. Ex-estudante de Direito e ex-bancário, nos anos 80, Careqa larga tudo na terra tupiniquim e segue para Nova Iorque para apresentar e desenvolver seu trabalho.

Após ter dado a cara para bater, obtém rápido reconhecimento nos bares e pubs nova-iorquinos com seu estilo musical inovador. O músico viveu um tempo também em Berlim. “Eu estava desesperançado com o Brasil nos anos 80, um amigo me falou da possibilidade de migrar para os EUA. Iria como trabalhador mesmo. Mas chegando lá saquei que podia ser músico. E comecei a tocar na noite de Nova York. Foi fantástico. Eu mesmo não acredito que vivi tudo aquilo com tão pouca idade. Eu tinha 22 anos”, afirma o músico.

Nos anos 90, muda-se para São Paulo, onde vive até hoje. Boa parte da adolescência, Careqa viveu em um seminário Salesiano em Ponta Grossa. “Foi uma experiência bem importante na minha formação. A estrutura era muito boa. Pude fazer teatro, música e me desenvolver como ser humano naquela época. Não me arrependo. Quando achei que não dava mais pra mim saí”, lembra.

Música O que que cê tem na cabeça

Música Guaraná Jesus (versão da música Chocolate Jesus de Tom Waits)

Conheça o canal do Youtube de Carlos Careqa em

Discografia de Carlos Careqa

. Os Homens são todos iguais – (Thanx God/Tratore) 1993.

. Músical para final de século – (Thanx God/Tratore) 1998.

. Não sou filho de ninguém – (Thanx God/Tratore) 2004.

. Nosotros que somos nos mesmos -(Grande Garagem que Grava) 2005.

. Pelo público – (Thanx God/Tratore) 2006.

. À Espera de Tom – (BED/Tratore) 2008.

. Tudo que respira quer comer – (BED/Tratore) 2009.

. Alma boa de lugar nenhum – (BED/Tratore) 2011.

. Made in China – (BED/Tratore) 2013.

. Ladeira da Memória – (Selo Sesc) 2013.

. Palavrão Cantado – 2013.

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