por Fernando do Valle
Na terra natal daquele que prefiro não escrever o nome para evitar a Lei Godwin, por pouco a extrema direita, representada pelo nacionalista Norbert Hofer, não venceu as eleições ontem. O ambiente criado pela vitória de Trump na eleição norte-americana em novembro e pelo Brexit quase tornaram a Áustria o primeiro país europeu governado pela ultradireita desde a Segunda Guerra Mundial.
Com 53,3% dos votos, o ambientalista Alexander Van der Bellen, 72 anos, defensor da União Europeia, venceu Hofer, de 45 anos, do Partido da Liberdade (!!), com 46,7% dos votos nas eleições presidenciais. Bellen já foi do Partido Verde, mas concorreu como candidato independente. Ele havia vencido as eleições em maio por uma pequena margem de 31 mil votos em um país de 6,4 milhões de eleitores, mas a Justiça anulou o pleito por suspeitas de irregularidades. Desta vez, a margem foi maior.
O Brexit e Trump ouriçaram a extrema direita na Europa. Marine Le Pen com chances nas eleições na França em 2017, e o Alternativa para a Alemanha, também de extrema direita, apoiaram Hofer. Por aqui, entre os grupos que se manifestaram nas ruas ontem os intervencionistas militares novamente deram as caras.
Na Áustria, o poder do presidente é mais limitado do que o do premiê, mas é essencial na formação de coalizões políticas. A extrema direita usou e abusou da crise dos refugiados na eleição austríaca. Em 2015 e 2016, o governo austríaco recebeu quase 130 mil pedidos de asilo de emigrantes. Na campanha, Hofer apresentava-se como o defensor do “povo” contra “essa invasão” e chegou a afirmar que muitos deles são “falsos refugiados” interessados em viver às custas das ajudas sociais, e acusou parte deles de terroristas. Também ameaçou dissolver o Parlamento caso suas propostas xenófobas não fossem aprovadas.
O FPO, partido de Hofer, foi fundado durante os anos 1950 por ex-nazistas e é partidário de referendo para a saída da Áustria da União Europeia, o país entrou para o grupo em 1994. Os eleitores de vários países europeus sentem-se acuados pela crise econômica e a chegada de milhares de refugiados e a extrema direita tem apresentado soluções fáceis como o fechamento de fronteiras e incentivado o racismo e a xenofobia. A derrota de Hofer na Áustria foi um breque nesse escalada perigosa, aguardemos os próximos capítulos.
Com informações da Deutsche Welle.
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