Zona Curva

A carapuça e a guerra psicológica

Otavio de Carvalho, renomado pesquisador e coordenador de Estudos sobre a América Latina na Universidade Nacional do Vietnã, faz seu texto de estreia no Zonacurva:

Bom dia, Vietnã ! (Ho Chi Minh, dia 07 de Janeiro)

Nesse ano em que o mundo inteiro está de olho no Brasil, o que não acabará em 2014, sairemos do foco só em 2016 quando as Olimpíadas serão o marco para que o planeta compreenda e renove a imagem caricata que o imperialismo ibérico, inglês e yankee construíram do Brasil.

Meninos e Meninas, eu juro! É tudo manipulação, somos vistos de fora através da visão que os colonizadores registraram sobre nós, em que o padrão é enxergar o brasileiro como preguiçoso e essencialmente corrompido, seja na economia ou no estereótipo sobre nossa sexualidade.

Ou você acha que ao lerem sobre o Brasil na academia o primeiro mundo mergulha em Darcy Ribeiro? Param normalmente no resumo de Casa Grande e Senzala, passam ligeiro por nossa literatura, e normalmente criam teses e mais teses, baseadas nos famosos brazilianistas.

Carmem Miranda que me perdoe, mas a banana acabou
Carmem Miranda que me perdoe, mas a banana acabou

Quando qualquer executivo é convidado a trabalhar no Brasil, chega carregado dessa ideologia que nos denigre, mas, na maioria dos casos, em poucos meses caem na real, e tem que esquecer de metade dos preconceitos herdados, para descobrir um povo de verdade, com diversidade cultural, história e personalidade próprias, e que mesmo em sua singularidade, é mais similar do que se esperava, dada à força cultural europeia, visível no idioma, influência da igreja e na forma de organização do estado.

Por isso mesmo, os gringos de mente aberta buscam o peculiar no Brasil e começam a procurar aquilo que nos diferencia, se apaixonando pelo sincretismo religioso, manifestações e gêneros musicais, literatura e humanidade nas relações, em especial nas cidades menores e entre as classes mais baixas.

 Leia também sobre os gringos e o Brasil em “A invasão gringa”

Mas por que o país interessa tanto aos centros de poder no exterior?
A resposta é simples, com a crise capitalista yankee, os modelos ocidentais de sociedade tornaram-se escassos, a União Europeia mostrou que privilegia o capital e não o cidadão, nos EUA, as guerras, o controle absoluto da informação revelado por Edward Snowden e pelo Wikileaks, a ajuda irrestrita aos bancos e a falência da classe média mostram uma sociedade em declínio, onde a Rússia voltou ao cenário, mas não representa nenhum novo modelo, pois continua dependente de um déspota esclarecido ou não, enquanto a China parece um modelo somente para um pais igual a China, ou seja … para ninguém.

A América Latina vem à tona com a falência do ultra liberalismo e por mostrarmos um caminho que, ao mesmo tempo, traz a carga cultural europeia, em roupagem exótica é verdade, busca equacionar os problemas sociais. Se nossos vizinhos tornaram suas sociedades mais divididas, com somente 2 lados, os contras e a favor, no Brasil, a sociedade tende a ser mais multifacetada e muitos lados acabam por coexistir.

O Brasil é sim a sociedade ocidental do futuro, mas ainda não chegou lá, e aqueles em declínio não querem nossa emergência global, preferem nos sufocar a mudar a relação de forças do ocidente, mas sabem bem que no máximo conseguirão adiar seu declínio, pois qualquer previsão séria coloca o país como quinta economia do planeta já em 2025.

Brasil de braços abertos sobre a Guanabara

Ao ver a mídia corporativa local demonizar a política, criminalizando seus atores, envenenando o debate, com ódio e sectarismo, nota-se uma orquestração que tenta desde a eleição de Lula, dividir a sociedade, incentivando que as pessoas não reconheçam os avanços realizados nesses anos.

Dizer, por exemplo, que os anos PT foram a década perdida e convocar papagaios acéfalos a repetir isso diariamente nas mídias sociais, na base do “Copy” / “Paste” é desonestidade intelectual pura e manipulação da informação, táticas conhecidas como Guerra Psicológica, arma sutil da guerra fascista de direita, que Olavettes e Lobos Bobos repetem à exaustão.

Vemos essa Guerra semanalmente nos jornais e revistas semanais vendidas, onde a Veja é realmente a mais bandida, pois qualquer notícia vale, qualquer fonte é boa, desde que enxovalhe Lula, Dilma e o PT, e quando qualquer denúncia atinge a oposição, que governa bastiões como São Paulo há décadas, seus colunistas agem primeiro com cautela exemplar e, na seqüência, defendem os poderosos, em especial tucanos, como se realmente acreditassem que entre seus pares somente existam santos que nunca se corromperiam. Já um Ptista é a priori ladrão.

Essa dicotomia, vai de novo, vitimizar o PT e ajudar a eleger a Dilma, talvez até no primeiro turno, pois mesmo os desgostosos do lulopetismo, enxergam a manipulação midiática e se juntam ao povo que de carteira assinada, sabe bem o quanto a vida e perspectivas de seus filhos mudaram nos últimos 11 anos.

 

E justamente esse raciocínio que está levando a mídia corporativa ao desespero, e vão errar de novo ao investir na manipulação, nas “agressões de bolinhas de papel”, e factóides de qualquer mafioso de plantão, vide o espaço dado a Tumas e outros degenerados, e a incensão de Joaquim Barbosa a salvador da pátria, por aqueles que leem a Veja babando de emoção.

O sonho dos reacionários é simples, um golpe pseudo democrático, mas que, no fim consiga banir o PT e seus quadros da política. Para isso topam qualquer coisa, e vão tentar usar da mentira e manipulação midiática para incutir medo e paranoias diversas na população, como vimos em 2013.

Aqui no Zonacurva , serei uma trincheira de resistência e de luta para manter o diálogo político possível, e que o fascismo nunca mais prospere no Brasil.

Na democracia, o povo escolhe, e quem ganha a eleição governa, e mesmo que seja nessa democracia de coalizão que temos, é bem mais transparente e aberto que qualquer aventura proposta por um salvador da pátria.

Afinal, os cães do ódio ladrarão como nunca, mas a Caravana do Brasil Novo não vai parar para os fascistas embarcarem dessa vez.

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