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A caçada a Lamarca

Lamarca – Depois de caminhar por mais de 300 quilômetros, o guerrilheiro Carlos Lamarca foi assassinado em 17 de setembro de 1971 por agentes da ditadura militar no sertão baiano. No comando da patrulha que assassinou Lamarca, estava o major Nilton Cerqueira, que, anos mais tarde foi eleito deputado federal e trabalhou como secretário de Segurança do Rio de Janeiro.

Um dos comandantes da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) e militante do MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), Lamarca foi um dos símbolos da resistência ao regime militar e morreu antes de completar 34 anos.

Baseado no livro Lamarca, o Capitão da Guerrilha, publicado em 1980 pelos jornalistas Emiliano José e Oldack Miranda, o filme do diretor Sérgio Resende conta a história do guerrilheiro, interpretado por Paulo Betti.

Ironicamente, no filme de Resende, Cerqueira é vivido pelo ator Zé de Abreu, conhecido pela defesa implacável de suas posições de esquerda. Resende abordou outra história dos anos de chumbo no filme Zuzu Angel, de 2006.

Carlos Lamarca foi o terceiro entre os seis filhos de Antônio e Gertrudes Lamarca, uma família modesta da zona norte carioca. Formou-se, em 1960, pela Escola Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ), obtendo a patente de Capitão em 1967.

Mas foi em São Paulo, no quartel de Quitaúna, para onde pediu transferência em 1965, que Lamarca, fez sua opção revolucionária. Na época, Lamarca acompanhava com grande interesse o grupo de ex-sargentos que, inicialmente vinculado ao Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR), uniu-se a um setor dissidente da Política Operária (POLOP) e deu origem à Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).

Já como membro da VPR, Lamarca realizou uma ação de expropriação no quartel de Quitaúna em 24 de janeiro de 1969 em que levou 63 fuzis, metralhadoras e muita munição. Sua ideia era seguir imediatamente para uma região onde pudesse preparar a guerrilha, o que o obrigou, de imediato, a separar-se da mulher e dos filhos, enviados para Cuba, via Itália, no mesmo dia de sua deserção.

Carlos Lamarca em treinamento com sua companheira Iara Iavelberg
Carlos Lamarca treina funcionárias de um banco na prevenção de assaltos quando ainda era militar

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Em abril de 1971, em discordância com a VPR, ingressou no Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). No mês de junho, Lamarca foi para o sertão da Bahia, no município de Brotas de Macaúbas, com a finalidade de estabelecer uma base da organização no interior.

Com a prisão em Salvador, em agosto, de um militante que conhecia seu paradeiro e a localização de um aparelho onde se encontrava sua companheira, a psicóloga paulista Iara Iavelberg (que também foi namorada do ex-deputado José Dirceu), os órgãos de segurança iniciaram o cerco à região.

A namorada de Lamarca, Iara, foi assassinada por agentes do governo em um apartamento no bairro da Pituba, em Salvador, no dia 20 de agosto de 1971. O regime militar sempre sustentou que ela cometeu suicídio após o cerco policial, o que foi desmentido pelas investigações posteriores. Hoje há provas suficientes de que foi mais uma mentira do governo da época.

Um tiroteio travado entre a polícia e os irmãos de José Campos Barreto, o Zequinha, que acompanhava Lamarca, obrigou-os a iniciar uma longa e penosa rota de fuga, de 28 de agosto a 17 de setembro. Ao descansarem à sombra de uma baraúna, foram surpreendidos pela repressão. Lamarca estava desnutrido, asmático e provavelmente com a doença de Chagas.

 fontes:  revista Istoé e Grupo Tortura Nunca Mais – RJ.

Iara Iavelberg e sua luta contra a ditadura militar

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