por Fernando do Valle
La Rochefoucauld -Cínico, ácido, humorista, pessimista, filósofo, o duque francês La Rochefoucauld foi sobretudo um dos maiores frasistas de que se tem notícia. Muitas delas (ele as apelidou de máximas) repetimos até hoje sem o devido crédito.
Boa parte de sua verve encontra-se no livro “Reflexões ou sentenças e máximas morais”, que apareceu pela primeira vez em 1664. O nobre era frequentador assíduo dos salões literários de Paris, onde os debates acalorados sobre literatura, filosofia e política eram convocados por mulheres nobres e eruditas. Deitada, a dona do salão acompanhava as leituras e discussões.
Duque François de La Rochefoucauld nasceu em 15 de setembro de 1613 em Paris e morreu na mesma cidade em 17 de março de 1680.
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Mesmo entre os babados e a ostentação da nobreza, La Rochefoucauld não fugia de briga e participou das frondas, duros embates da guerra civil francesa nas ruas de Paris por volta da metade do século 17. Opositor ao cardeal Richelieu, eminência parda do absolutismo francês, o duque amargou algumas vezes o exílio. Os escritos de Rochefoucauld eram admirados por Freud, Nietzche e muitos outros pensadores.
Vamos às máximas:
“Hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude”.
“Muitas vezes praticamos o bem para podermos praticar o mal com mais impunidade”.
“Não desprezamos todos aqueles que têm vícios, mas desprezamos todos aqueles que não têm nenhuma virtude”.
“Se não tivéssemos defeitos, não sentiríamos tanto prazer em reconhecê-los nos outros”.
“Há pessoas tão levianas e tão frívolas que estão igualmente distantes de possuir verdadeiros defeitos e sólidas qualidades”.
“A esperança, figura charlatã e evasiva, pelo menos nos conduz na vida por uma estrada melhor”.
“Todos nós temos força suficiente para suportar os males do outro”.
“Os velhos gostam de dar bons conselhos para se consolarem de não poder dar maus exemplos”.
“Nunca somos tão felizes nem tão infelizes quanto imaginamos”
“As paixões são os únicos oradores que sempre convencem. São uma arte da natureza de regras infalíveis; e o homem mais simples que tem paixão convence melhor do que o mais eloquente que não a tem”.