por Elaine Tavares
O programa radiofônico Campo de Peixe, apresentado aos sábados pela manhã na Rádio Comunitária Campeche (acesse www.radiocampeche.com.br), completa, nessa segunda semana de abril, uma década de existência, marcando também os 10 anos de programação ao vivo da comunitária. Para celebrar essa data significativa, a Rádio Campeche de Florianópolis promove uma festa no dia 31 de abril e convida todos a participarem dos festejos.
A rádio comunitária do bairro Campeche não é uma rádio qualquer. Ela nasce num momento de grande mobilização da comunidade na luta pelo plano diretor do bairro e da cidade. Iniciado no final dos anos 80 esse processo de luta teve seu ápice nos anos 90, com boa parte da comunidade mobilizada e em luta para definir o seu jeito de viver e morar. Um bairro jardim era o que sonhavam os moradores.
E o povo do Campeche não ficou só no sonho. Passou a construir a realidade. Primeiro com as reuniões sistemáticas, depois através do Jornal Fala Campeche e, finalmente, em 1998, com a criação da Rádio Campeche. Foi um longo tempo entre a criação e a possibilidade de programação ao vivo, feita pela comunidade.
Não por acaso, a ideia do primeiro programa ao vivo nasceu no ar. Viajávamos num grande grupo para a Venezuela, onde íamos ver de perto a revolução bolivariana. Sentados na mesma fila, íamos Glauco Marques e eu falando sobre os desafios da nossa rádio, que já rodava música 24 horas, mas não tinha nenhum programa de notícias. “Vamos fazer um”, decidimos. E, na volta, em fevereiro, já começamos a projetar a ideia. Nossa proposta era fazer um programa de entrevistas e notícias que saíssem do lugar comum da mídia comercial. Um programa crítico, que falasse do que não se fala.
Assim, no dia 8 de março de 2006, depois de passar por todos os trâmites na diretoria da rádio, vai ao ar o primeiro Campo de Peixe. Um dia lindo de princípio de outono, de céu azul e vento sul. Desde aí, o programa nunca deixou de ser realizado, sempre aos sábados, às 11h, mesmo nos natais e anos novos. Um compromisso com a comunidade que se mantém, amparado justamente nessa parceria que o povo em luta no bairro e na cidade tem com a rádio. E, depois dele, começaram a surgir outros programadores, animados com a ideia do programa ao vivo. A Rádio Campeche passou então a expressar a voz de outros tantos moradores, com programas de música, de notícia, de entrevista, de debate, de discussão. A vida em movimento.
A primeira formação da equipe tinha Elaine Tavares, Glauco Marques, Delfino Vieira Coelho e Alícia Alão. Depois, com a saída de Alícia e Delfino, agregaram-se ao programa o estudante de jornalismo Rubens Lopes e Arnaldo Prudêncio, e é com essa turma que seguimos.
Agora, vimos que desde o dia da concretização daquele longínquo sonho nascido no ar passaram-se dez anos. Uma década. Logo, uma data mágica, e que precisa ser celebrada no aconchego dos amigos e de todos os lutadores que passaram pelo microfone da rádio e do Campo de Peixe.
Por isso, convidamos todos os associados, amigos, colaboradores e companheiros que ao longo dessa década estiveram conosco para celebrar essa passagem. Será no dia 31 de abril, um sábado, também de outono. Teremos uma performance com a atriz e contadora de histórias Vânia Schwenke, no espetáculo “Pobre Cultura”, que faz uma crítica a forma como a cultura é tratada no país. Teremos um show com a banda Pedra do Urubu, fina flor do Campeche e veremos juntos o filme “Desculpe pelo transtorno – a história do bar do Chico”, que é parte da nossa própria história.
Venham todos os amigos e amigas. Tragam comida, bebida e cadeira. Tragam alegria e cumprimentos. Tragam essa vida pulsante, essa luta comunitária, que é a razão do nosso viver.
Nós os esperaremos para celebrar!